Desculpe a sinceridade, mas eu te odeio. Isso é pessoal meu, não me culpe. Falando assim, parece que eu tirei isso de algum lugar, e que isso não é próprio a mim, mas acredite, é verdade e inconsciente. E intrínseco.
Eu te odeio.
Talvez pelas coisas pequenas ou pelas coisas maiores, também. Sou depressivo por natureza, mais de uma vez me vi sendo levado pela corrente de minhas próprias angustias sem ter onde me agarrar. Às vezes, sequer me levantei de imediato... Raiva senti. Frustração por um simples parafuso que soltou todo o maquinário do relógio – para ser figurativo.
E meu ódio não se restringe só a você. Eu odeio, sobretudo o seu sucesso – E isso é o mais difícil de entender, eu não faço isso de forma invejosa. Eu odeio as músicas que você escreve, eu odeio os livros que você publica, as idéias boas que você tem, e até a forma precisa do seu pensamento lógico, porquê você faz tudo em meu campo de visão.
Tão perto e tão longe.
Sobretudo, essa proximidade distante é o que mais me irrita, por que o simples fato de ter essa vista, me torna parte deste mundo ao qual eu não pertenço.
Odeio a confusão que torna tudo isso possível, e impossível... Apesar de isso estar um nível a cima, e não me impedir de não deixar de amar minha própria vida. Odeio a semelhança das sentenças que escolho para me expressar...
E odeio, portanto as verdades que sei, e as seguranças que tenho.
Desculpe a veracidade das tolices que disse... Não é pessoal... Você nem tem um nome, nem eu.... E aí surgem nossas semelhanças. Você é muitos e eu sou muitos! Bem, para dizer a verdade pode ser até o inverso. As variáveis seguem correntes. Possíveis sob qualquer aspecto. Você é real, eu sou real. Todos esticados ao desgaste.
Paro pra pensar: Eu te odeio porque você me devolve algo meu, como uma serpente que engole o próprio rabo.
sábado, 8 de dezembro de 2007
Dupla Personlidade
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Vertigem

Ela se balançava para frente e para trás, vertiginosamente. Ocorreu-me a sensação que tive ao andar pela primeira vez – e última – no “Barco Viking”, mas afasto o pensamento, achando curiosa, nada mais, a forma que ela me chamou a atenção.
Estou voltando do trabalho, cinco da tarde, cruzando o Passeig de Gracia, poucos metros depois da Casa Batlô, e a encontro inusitadamente, balançando para frente e para trás como uma criança.
Os olhos, num gesto inevitável e surpreso se voltaram à pessoa que a segurava, uma senhora, de meia estatura, loira e de pele clara, que julguei ser dos países do leste. Ela, a senhora, seguia o seu trajeto, no mesmo sentido que eu, tranqüila e inabalável. De um lado uma sacola abarrotada de compras de uma loja qualquer, do outro, tendo a outra mão como um playground, ELA.
Para frente e para trás.
Uma cena impossível de se presenciar em campo aberto, nas guerras do mundo.
É difícil não pensar no país onde nasci, e tentar não fazer comparação das diferentes reações de um lugar a outro. E me nego a entrar em detalhes sobre o que eu pensei.
Volto a pensar no ângulo do “Barco Viking”.
O medo. A vertigem. A segurança que se oculta entre o balançar, entre o direito de ir e vir que o barco exerce. Penso nisso, e tudo fica claro.
A senhora polaca segue tranqüila, com suas compras de um lado, e Ela do outro.
Ela é uma simples maquina fotográfica digital, que, senão de última, de uma geração bem adiantada, era segurada por uma simples alça de tecido, a balançar e sumir na multidão com sua dona.
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