
Ela se balançava para frente e para trás, vertiginosamente. Ocorreu-me a sensação que tive ao andar pela primeira vez – e última – no “Barco Viking”, mas afasto o pensamento, achando curiosa, nada mais, a forma que ela me chamou a atenção.
Estou voltando do trabalho, cinco da tarde, cruzando o Passeig de Gracia, poucos metros depois da Casa Batlô, e a encontro inusitadamente, balançando para frente e para trás como uma criança.
Os olhos, num gesto inevitável e surpreso se voltaram à pessoa que a segurava, uma senhora, de meia estatura, loira e de pele clara, que julguei ser dos países do leste. Ela, a senhora, seguia o seu trajeto, no mesmo sentido que eu, tranqüila e inabalável. De um lado uma sacola abarrotada de compras de uma loja qualquer, do outro, tendo a outra mão como um playground, ELA.
Para frente e para trás.
Uma cena impossível de se presenciar em campo aberto, nas guerras do mundo.
É difícil não pensar no país onde nasci, e tentar não fazer comparação das diferentes reações de um lugar a outro. E me nego a entrar em detalhes sobre o que eu pensei.
Volto a pensar no ângulo do “Barco Viking”.
O medo. A vertigem. A segurança que se oculta entre o balançar, entre o direito de ir e vir que o barco exerce. Penso nisso, e tudo fica claro.
A senhora polaca segue tranqüila, com suas compras de um lado, e Ela do outro.
Ela é uma simples maquina fotográfica digital, que, senão de última, de uma geração bem adiantada, era segurada por uma simples alça de tecido, a balançar e sumir na multidão com sua dona.
Um comentário:
Vê se escreve com maior freqüência tchê, essa espera dá uma agonia do cão, hehehe.
Muito legal tua composição, com um final instigante, que te faz reler o texto pra ver as dicas ao longo do caminho. Muito legal. Continue sempre se aperfeiçoando!
Abração!!
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