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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

RELATÓRIO 38: O CASO DO MARTELO DE PRATA.



Tudo beleza, galera!!!  Eis que estou de volta às funções do blogueiro de plantão, pra divulgar um pouco do meu primeiro trabalho como escritor, o livro de suspense policial RELATÓRIO 38: O CASO DO MARTELO DE PRATA. 

Segue abaixo a sinopse:


  "Glauco Bertolloti é apenas mais um estrangeiro em Barcelona. E seu emprego é, no mínimo, curioso: ele é um AVCM de uma empresa de seguros de vida, que investiga a causa da morte, logo da após o imediato falecimento do cliente. 
   Investigar as circunstâncias da morte de uma pessoa pode ser algo extraordinário.  Quem sabe o que pode surgir de um atropelamento, de um aparente suicídio ou de um simples acidente doméstico –– um assassinato, quiçá? E, ao final de cada jornada de trabalho, um informe, um relatório a ser entregue a seu chefe, o excêntrico e bem sucedido milionário catalão, Daniel Zarth...
   Nada de muito incomum realmente aconteceu, até o relatório de número 38. Uma estante aérea de madeira de lei desprendeu-se da parede, esmagando a cabeça da cliente contra a escrivaninha, enquanto ela realizava um projeto da faculdade. Por que essa situação lembrava a Glauco uma música dos Beatles? O que saberia a colega de apartamento da vítima, a francesa Daniela, a respeito de uma ameaça de morte? Quem era Marcelle, e o que fazia ali? Ou ainda, por que estavam anexadas ao relatório, paginas da coluna El misterioso Kulmann, do jornal El Estatal, revelando diversos assassinatos numa universidade próxima?
   Família, dinheiro, perda, pseudo-psicologia, sexualidade, terror, amor verdadeiro e sangue... Glauco observa esses detalhes, desconexos e sem particular sentido, unindo-os como um quebra-cabeça até chegar ao verdadeiro culpado. 
   Este é apenas mais um dia de trabalho, o relatório 38 a ser entregue a Daniel Zarth."

Agora com o país inteiro parado por motivos carnavalescos, adio o lançamento oficial para meados da segunda quinzena de fevereiro ( na verdade, fevereiro não chega a ter duas quinzenas heheheh), sendo que os interessados em fazer uma pré compra do livro podem entrar em contato comigo pelo email: 
rafaelmiguelez@hotmail.com 
Ou pela pagina do Face:








terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Responsabilidade

Responsabilidade é uma palavra batida. Clichê.
Isso é fato, pouca gente conseguiria me provar o contrário. Assunto passado, decadente, demodê... Como conversa do dia anterior, como roupa de um verão bem antigo. Responsabilidade é um conceito ausente, uma idéia moribunda.
Não para todos, que fique claro. Mas para a maioria, sim.
Uma mãe que nega um filho até o seu quase nascimento, desconhece essa palavra. Um trabalhador que sobrecarrega seu colega com o próprio labor, desconhece essa palavra. Um pai que não sustenta os filhos que gerou, por ignorância, desconhece essa palavra. Uma familia que acoberta os erros de um dos seus, sendo este reincidente em seu erro, sem dedicar a este a puniçao e o aconselhamento adequado, desconhece essa palavra. Um lider, um gerente, um administrador, um chefe de fila, um encarregado, um supervisor, que faz promessas sem a ansia de cumprí-las, desconhece essa palavra. E não vamos aqui citar os nossos políticos... Mas um povo que exerce o direito ao voto, baseado no fútil e vazio ato democrático apenas, também desconhece essa palavra...
Há milhares de exemplos por citar.
A minha proposta, simples, é a seguinte: Abra um jornal, uma página na internet, uma revista de fofocas qualquer, um livro. Procure essa palavra. Esqueça essa classificação tão pequena.
Responsabilidade é uma idéia. Divulgue-a.
Responsablidade é um conceito. Ponha-o em prática.
Exige diciplina e não é um objetivo facil de ser alcançado, no entanto, se você, como eu, busca um mundo melhor, para si, para o próximo, para seu filhos e netos, responsabilidade é a base de qualquer criação e algo que vale a pena.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Radio Supernova

Ok. Eu já havia postado isso aqui, e acabei apagando, por uma questão de remodelagem do blog (blá blá blá blá...) Mas esse projeto também é parte das minhas aventuras, ou seja:
Em 2007, dias antes de viajar para Barcelona, nos reunimos, três amigos e eu, num show de despedida. A banda era formada por Jair Garcia, na Bateria, Lucio Machado, na guitarra solo e backing vocals, Paulinha Lencina, no baixo e este que vos escreve, na guitarra base e vocal.
O projeto consistia em formar uma banda de covers de Oasis e Radiohead.
Cheguei a postar no youtube algumas perolas desta magnífica apresentação. Aqui, me limito a publicar somente um pedido vindo da platéia ("Toca aquela!!!!!)

"Com vocês", responde meu grande amigo Lúcio,"Aquela!!!!"

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Portugal

Ao chegar a Portugal passei a entender quais aspectos da minha decisão (de voltar) afetavam diretamente a minha vida. Um conhecimento gradual, que veio a mim, por meio de fragmentos de constatações e observações a que chegava, passo a passo.

A primeira, e mais óbvia, foi o urbanismo. Não que Portugal não possuísse sua própria beleza, apesar de que sua arquitetura, (do aeroporto em si) e seus monumentos (uns poucos que estavam destacados em fotos nas paredes do próprio aeroporto) me pareceram uma pálida sombra, perto de tudo aquilo que eu tinha visto, em Barcelona.

A segunda, foi a mudança de economia, e a terceira (automática à segunda), foi a língua.

Ocorreu-me, em função de outra constatação (a de que, na grande maioria das vezes, um impulso leva a uma estupidez) de que eu havia deixado o transformador do PC em outra mala, que me sobravam ainda três horas de espera e que o aeroporto de Lisboa apresentava tao poucas opções quanto o de Buenos Aires, nesse sentido. E ocorreu-me, por fim, que o preço de certos produtos, (apesar de Espanha e Portugal e meia Europa compartilharem a mesma moeda) era sensivelmente mais caro.

A idéia prática, para passar o tempo, era comprar uma revista, ou algo do gênero, que se pudesse ler. Porém, mesmo os livros, poucos, não me chamavam a atenção - mesmo Caim do Saramago (que depois eu descobri ser um livro excelente, e me odiei por isso) não me inspirou confiança.

Acabei me decidindo por um minúsculo bloco de notas (no qual escrevi este relato, em primeira instancia) de caríssimos 4,70 euros. Aproximei-me a caixa, e escolhendo bem as palavras, para, pela milésima vez não responder em castelhano o que me perguntavam em minha língua natal, pergunto a moça se eles têm uma caneta.

- A caneta é dez euros? - me responde a portuguesa.

Quê?!

- Mas se você quiser eu tenho um lápis por 2 euros.

- Pode ser - respondo, perplexo, apesar de sentir a dor de pagar 2 euros por um simples lápis.

Ao que, ela me estende uma lapiseira.

Eu a encaro, totalmente confuso. Então, quiçá percebendo essa fragilidade minha, ela dispara uma extensa frase, da qual eu não entendi uma única palavra sequer.

Estendo o dinheiro, pego a lapiseira, o troco. Agradeço, e me largo dali o mais rápido possível.

Instantaneamente, lembrei de uma música do Júpiter maçã que dizia "...nosso idioma é a mesma língua, mas meu amor, a gente junto, num rola!"

domingo, 8 de agosto de 2010

I'm Outta Time!!!


Meu corpo está completamente dormindo, desligado, apagado. Jogado ao sono pesado de sempre. Ainda assim, em algum lugar, a consciência consegue ouvir os gemidos de dor que ela dá, logo ao meu lado na cama.
7 meses e meio de gestação nos levam a isso.
O hospital fica a exatamente duas quadras do apartamento alugado na Eixample. Apenas duas. Mas, tanto ela, (que sem saber entrava) em trabalho de parto, quanto eu, no campo aberto de minha consciência, envolto pela escuridão de meu cansaço diário, tínhamos uma única e clara certeza: Ainda era cedo!
Passa-se algum tempo até a constância da situação inspirar o mínimo de preocupação em meu sono vazio. De dentro da casca que era meu corpo, formo planejamentos de esperar o sol nascer, levar meu filho ao colégio, e depois arrastá-la, à força para o hospital Sant Pau –– que, como já disse aqui, ficava ao lado de casa.
É válido lembrar, que a grande maioria dos planos (tanto meus, quanto de qualquer outro mortal) tem a mania de se deixar arrastar pelas fortes correntezas do acaso.
A aurora se levanta, enquanto minha mulher se senta ao meu lado, para aliviar o desconforto. A consciência desperta o corpo, pouco a pouco, com uma ansiedade crescente, centrada em seus gemidos de dor –– cada vez mais fortes, também. Um puxão forte no meu braço, para me despertar de vez, me faz entender que aquela certeza comum, nossa, havia vindo abaixo:
–– Ela está nascendo!
Pulo da cama e me visto em meio segundo. Alerta. Em seguida, a ajudo a levantar e a se vestir. Sharlene, minha esposa, tem dificuldade em caminhar. Pego a bolsa –– tem a bolsa por arrumar ainda! Ela pede para ir ao banheiro. Tempos atrás, os médicos haviam dito que após o rompimento da bolsa, a criança pode levar de 6 a 12 horas para nascer.
–– A bolsa se rompeu! –– Ela grita, do banheiro, enquanto eu tento arrumar a outra bolsa.
Nessa confusão de bolsa pra lá, bolsa pra cá. Minha mulher decide tomar um banho, antes de ir definitivamente para o hospital –– Fiando-se, obviamente, na informação que nos passaram, os médicos formados daquele país de primeiro mundo.
Volto ao nosso quarto para pegar uma toalha, e minha irmã, recém acordada, que dormia no quarto ao lado, abre a porta e me pergunta o que está acontecendo.
–– A Rafa está nascendo –– comento, com naturalidade –– fica com o Ramom pra mim?
Minha irmã concorda com um aceno, entre bocejos.
Então, a segunda certeza vem abaixo, quando escuto Neni (minha esposa), me chamar aos gritos, novamente.
–– Ela tah nascendo –– ela me diz, a cara totalmente transtornada de desespero.
Olho para chuveiro e vejo minha mulher, de pé, segurando parte da cabeça da nenê com as mãos.
A cabeça de um homem entra em parafuso nesses momentos. Meu impulso mais imediato foi o de pegar o telefone e tentar ligar para uma ambulância, acho, mesmo sem a menor idéia de que numero ligar. Ramom, meu filho, acostumado a acordar cedo para olhar tevê, antes de ir pra aula, já estava sentado no sofá da sala, me olhando. Minha irmã, que havia ouvido os gritos de minha mulher, e me seguido até o banheiro, tentava auxiliar-la ali mesmo, sem muita opção. Indignado, com os gritos àquela hora da manhã, meu irmão, vem me perguntar enfezado o que estava acontecendo.
–– A Rafaela tah nascendo! –– respondo nervoso. –– qual é o numero da ambulância?
A resposta é uma cara de espanto por parte dele.
–– 010, disca 010.
Em meio a tudo isso, minha irmã passa correndo, chamando minha mulher, que vem passando nua, em direção ao quarto.
–– Rodrigo (meu irmão), me ajuda –– ela pede, quase que ordenando.
Eu disco o numero, mas cai num serviço da prefeitura. O simples som da voz da atendente, em catalão, me irrita e me impacienta.
–– Não é esse, –– respondo irritado.
–– Deixa que eu tento –– meu irmão pede, constrangido pela situação.
Eu acompanhava da porta do quarto, as duas improvisarem uma maca, um leito pra chegada do neném. A Neni, nua, deitada, com as pernas em posição de parto, em cima da nossa cama, e minha irmã aos pés, dizendo para ela fazer força. Angustiado, chocado, impotente, viro a cabeça para trás, para perceber meu filho sentado no sofá, desperto e excitado para a chegada da irmãzinha.
–– Minha maninha tah nascendo, pai!!!! –– ele me dizia, com os olhos bem abertos, brilhantes.
Ao meu lado, a telefonista demorava em direcionar meu irmão ao ramal da ambulância.
O desespero, a impaciência em mim, chegaram ao seu auge, quando eu vi, pela primeira vez o rosto dela. O tempo parou. Ela tinha quase nascido por completo, ainda estava suja de placenta, e, em seu esforço por nascer, ela me olhou, com seus olhos que na época eram azuis como os da mãe.
Por mais que, tempos depois, contando essa historia a conhecidos, meus irmãos juravam de pés juntos que eu havia estava chorando, nesse momento eu tinha a expressão totalmente agoniada de preocupação e medo, mas não chorava. A simples visão do rosto da Rafaela, me impulsionou contra a calamidade de qualquer perigo eminente, e foi então que eu fiz o que qualquer pai faria nesse momento.
Mediante a falta de praticidade da sociedade catalã frente a urgências telefônicas, saí eu, correndo, descendo cinco andares de escadas, subindo uma lomba de duas quadras até o hospital, atrás de uma ambulância, na atitude mais pratica de toda minha vida.
Quando cheguei em casa, a Rafa já tinha nascido e me olhava do colo de minha irmã.
Todos estavam calmos e bem. Meu filho vibrava por ter assistido ao parto da maninha.
Faltava apenas cortar o cordão umbilical. E essa foi a última, que a sociedade médica local me aprontou: os paramédicos que eu havia trazido aos gritos, dizendo que minha mulher estava dando à luz em casa, NÃO LEVAVAM TESOURA ESTERILIZADA  Moral da história: tiveram que chamar, pelo rádio, outra equipe de paramédicos, só para poderem cortar o cordão e levarem as duas para o hospital.
Tudo terminou bem. Neni me contou, ainda no hospital aquele dia, que mal eu havia batido a porta, e a Rafaela havia nascido. Sozinha.
Meus irmãos foram aos seus respectivos trabalhos. Minha esposa e filha foram levadas ao hospital. E eu, fui levar meu filho ao colégio.
Naquele ano, meses antes, o Oasis havia lançado seu último álbum, na qual havia uma musica I’m Outta time (estou sem tempo). Nesse dia, em meio ao desespero, antes de entender que tudo acabaria bem, correndo lomba a cima, rezando a deus e a tudo que mais me fosse sagrado para que uma força divina olhasse para baixo, e cuidasse de minha mulher e de minha filha, duas coisas me vieram à cabeça:
Uma, a visão do rosto de Rafaela, a outra, o refrão de dita musica que dizia: “(...)Em meu coração você crescerá, e lá é o seu lugar!”

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Feitiço do Tempo

“É o mito da sobrevivência do ser humano sobre aquilo que ele pensa e faz de si mesmo, da vida que leva, e da atmosfera que cria ao seu redor, daquilo que aparenta e do que realmente é, os efeitos do que acredita e do que não sabe, para a prosperidade daquilo que vê e faz.”

Corchetes: “É o mito da sobrevivência do ser humano sobre aquilo que ele pensa e faz de si mesmo, da vida que leva, e da atmosfera que cria ao seu redor, daquilo que aparenta e do que realmente é, os efeitos do que acredita e do que não sabe, para a prosperidade daquilo que vê e faz.”É o mito da rotina, do dia-a-dia –– mas, ao mesmo tempo, funciona como um espelho; um olhar atento ao ser humano no que ele tem de mais comum e sensível.

Na armadilha do tempo, preparada para Phil Connors, encontrava-se do que uma simples ironia do destino, ou uma comédia feita para um público com o intuito de ganhar dinheiro; Há na verdade uma reflexão profunda e atual sobre os males do nosso próprio pensamento em relação à nossa tristeza e solidão, em busca de um sentido para nossa existência singular.

Se você parasse por um dia, e se todos os outros, dali em diante, fossem apenas uma reprise deste mesmo dia (E se você tivesse um passado para olhar para trás ou um futuro que quisesse construir, baseado em seus sonhos e esperanças, mas estivesse preso à rotina de um dia comum), o que você faria?

Como reagir?

Quem culpar?

Que tipo de emoções te atacaria primeiro?

Peguemos de exemplo uma rotina qualquer –– Nem vamos nos ater a pequenos detalhes:

O relógio desperta. Seis horas da manhã. Ao levantar-se você não se dá conta, mas foi dada a largada à uma corrida, onde cada minuto é precioso, e você tem uma quantidade simples de objetivos que preenchem a sua manhã até a hora do almoço (levantar-se e arrumar-se em tantos minutos, para no horário X estar na parada sem se atrasar para o ônibus superlotado que passa na hora Y, pois à hora Z você tem que estar no trabalho, onde se inicia outra série de simples objetivos até o meio-dia). Assim segue-se igual, do almoço até o final da tarde, e do cair da noite até a hora de dormir. Então você adormece e... Seis Horas, hora de despertar.

E assim, como em um desenho da Disney, a ciranda se completa, e tudo começa, exatamente igual, no outro dia.

Porém, aqui descrita, encontra-se apenas a rotina nua e crua, sem tempero algum. Colocamos ingredientes naturais como: Ação do tempo, o acaso, e várias rotinas diversas que se cruzam em cada milésimo de segundo –– pais levando de carro os filhos para a escola, interagindo com diversos motoristas no transito, seguindo às suas empresas, voltando para sua casa, cruzando a cidade em sentido contrário na hora do pique... Idosos enfrentando filas no sistema público de saúde, fazendo parte, em um mínimo período ao espaço de tempo em que um jovem vai a banca comprar ser jornal matinal, camelôs, policiais, dentistas, arquitetos, advogados... Tantas situações que não caberiam nesta folha de papel.

Pronto, temos uma sociedade: Essas rotinas se permeiam e se interagem de uma forma minuciosa e sutil, criando suas redes secretas e seus laços primários...

Mas, e se a correria habitual do dia-a-dia não permite a você ver isso?

Você acorda, cumpre seus simples objetivos e dorme, para começar tudo de novo na manhã seguinte.

Qual o sentido de isso tudo?

Qual a razão lógica?

Este é o ponto crucial, o tendão de Aquiles. É esse o questionamento mais marcante do filme, e o ponto de vista mais claro do roteirista: O que você faz entre o nascer e o morrer de um mesmo dia! O que faz de diferente e melhor a cada dia para que ele não se perca nesta simples rotina de acordar e dormir!

É o mito da sobrevivência do ser humano sobre aquilo que ele pensa e faz de si mesmo, da vida que leva, e da atmosfera que cria ao seu redor, daquilo que aparenta e do que realmente é, os efeitos do que acredita e do que não sabe, para a prosperidade daquilo que vê e faz.

Em outras palavras, falamos de um dia melhor hoje.

Com certeza, tendo como parâmetro uma cidade como a população de BCN (a efeito de exemplo, claro), se o tempo tivesse realmente estacionado em um único dia, e alguém fosse escolhido para vivê-lo por dias indeterminados, haveria tanta coisa a ser feita, tantas ações em andamento ao mesmo tempo, e tantas lições a serem tiradas, que, seguramente, nenhum dia seria igual ao outro.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

E Você?




A cabeça clareia, e a idéia que me vem é nítida: Fugimos!

O descampado sossego por nós desenhado soa como um plano perfeito, escrito de ponto de vista unilateral (um monólogo, ausente de platéia).

Os versos recitados soam como uma aversão incrédula à realidade prejulgada pelo ator, sussurrados sem credibilidade alguma pela boca que se move quase em silêncio.

Fugimos! É a idéia clara no contexto.

Fugimos...

É surpreendente fácil confundir isto com uma troca de estilo. Passar da prosa à poesia, em suas mais diversas formas. Começar com um soneto e terminar sem rima, e chamar (por que não?) de liberdade artística.

Enganamo-nos! Nossa vaidade nos passou para trás... Cada letra tem sua fonética transparente em uma só palavra: Fugimos!!!

Chame como quiser”, tento argumentar com austeridade,”Mas lidamos com algo incompreendido! E a isso nada mais posso chamar, senão: maturidade artística. O som, eu sei, sai da minha garganta, porém se transforma ao chocar-se em meus dentes. Afora isso, ao ganhar ar livre, já é outro... Não o reconheço... Não tenho o menor controle sobre ele...

Fugimos... Meu próprio engano não me ilude!

Nos primeiros quinze segundos de espetáculo, persiste a empolgação do começo. Alheio a isso o erro insiste em fazer sua trajetória rigorosa. O ator, ainda inexperiente quanto à platéia desta noite, demonstra sua falta de habilidade, e deixa escapar o momento de uma possível reação. Vira clichê enfim, e o relógio, amargurado com isso não pára.

As horas vão passando, cada ator com seu momento....

As cortinas vão fechando...

Fugimos...



PS:O texto acima foi inspirado numa reportagem sobre a crise em Madrid, que relatava, entre outras coisas, o desespero dos comerciantes em vender a preço de ninharia, os produtos e comidas pereciveis. O kilo da batata, segundo a reportagem, chegava a um absurdo de 0,10 centimos de euro. Formavam-se enormes filas para compra de tais produtos. Por isso, essa ideia de desperdicio de tempo, e de como empregamos o pouco - tempo - que temos, nos acomodando em nossas proprias atuações...